SUPERCHUNK
- Gustavo Campello
- 8 de jun. de 2013
- 3 min de leitura

Superchunk estava longe de ser uma banda badalada naquele ano de 1998. Estavam se tornando uma importante banda no cenário underground, antes de surgir a moda indie, mas pode-se dizer que estavam no topo entre as bandas independentes da época.
Vitor conheceu a banda através do programa Lado B, que passava tarde da noite na MTV e buscava exibir videoclips de bandas pouco conhecidas. O programa era encabeçado pelo apresentador Fábio Massari que manjava muito de bandas undergrounds como Letters to Cleo, Yo La Tengo, Buck-O-Nine, Pavement, Sonic Youth e Superchunk. Algumas bandas já tinham um certo prestigio lá fora, como no caso de Sonic Youth, mas aqui no Brasil você dificilmente assistia a um videoclip deles fora do programa Lado B.
Quando o Superchunk marcou o show no dia 15 de Setembro de 1998 Vitor já tinha marcado a presença. Vários amigos falaram que queriam ir, mas na hora H todo mundo puxou o carro. Vitor foi sozinho.
Achou que algum outro conhecido podia ter tido a mesma ideia, mas quando chegou na Via Funchal não conhecia ninguém dos presentes. Um grupo de amigos viu que ele estava sozinho e vieram puxar papo. Eram três garotas e dois garotos mais ou menos da mesma idade que ele.
Vitor contou sobre sua banda, Caixa Materna, que estava fazendo alguns showzinhos por aí. Vitor cantava mal e tocava guitarra bem meia boca, seu amigo Marcel tocava baixo e seu primo Giulio a bateria. O que realmente salvava a banda eram algumas letras compostas por Vitor e a melodia de algumas músicas. A banda era boa porque não se levava muito a sério.
- A gente tá tentando montar uma – disse uma das gurias que parecia interessada nele – mas tá difícil.
- Vocês tocam o que? – Vitor perguntou pra ela.
- Rock alternativo, e você?
-Um pouco de Grunge com Punk.
O resto do pessoal que estava com ela era o resto da pseudo-banda ainda não formada. Vitor pegou o telefone da garota, mas nunca teve coragem para ligar de volta.
A primeira banda da noite começou a tocar, se chamava Wry e era de Sorocaba. Vitor acabou vendo vários outros shows desta banda no futuro e conversou algumas vezes com o vocalista Mario Bross pelos bares da vida. A segunda banda a tocar foi o Pin Ups que Vitor já conhecia e adorava. Alexandra Briganti era ainda mais bonita ao vivo e mandaram muito bem.
Então o Superchunk entra no palco para fechar a noite e Vitor parece ser transportado para outra dimensão onde as leis da física não se aplicam mais. Seu rosto é acertado por pés, uma pessoa parece que caiu do teto enquanto voava, uma bunda se materializa a sua frente e lhe acerta ao lado do rosto e em alguns momentos ele não sabe se está em pé ou de ponta cabeça.
Ele pula como um louco!
É o melhor show de todos os que viu até agora!
Quando o Superchunk começa a tocar Precision Auto vai todo mundo a loucura:
Do not pass me just to slow down I can move right through you Do not pass me just to slow down I have precision auto
No meio da música uma corda do baixo de Laura Ballance arrebenta e a banda continua a tocar no improviso. Calmamente a gatíssima baixista pega uma corda nova, coloca e a afina com um fone de ouvido gigante na cabeça. Enquanto tudo isto acontece a banda improvisa uma verdadeira aula de rock sem sair da música. Então a banda inteira se entreolha e voltam a tocar juntos do ponto onde pararam:
I see you way too slow I see you in slow motion You've got muscles--use them
Vitor pula e acerta com o ombro o queixo de uma garota sem querer. Ele percebe que ela cortou a língua com o impacto e é arrastada para a enfermaria. Um pouco de sangue mancha sua jaqueta. Ele se preocupa com a garota, mas agora não há nada que ele possa fazer. O show tem que continuar e o Rock ’n’ Roll rola solto.
Na saída Vitor compra o álbum Lee Marvin do Pin Ups que estava a venda e volta para a casa sem saber que Superchunk seria a banda internacional que mais assistiria shows em sua vida.